PRINCIPAIS MADEIRAS UTILIZADAS NA FABRICAÇÃO DE UM INSTRUMENTO MUSICAL

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013





Maple, Spruce, Poplar… se você entende um pouco de instrumentos musicais já deve ter se deparado com esses nomes. Mas se você não conhece todos eles (e nem tem obrigação disso, diga-se de passagem), nós vamos te ajudar. Convidamos o técnico em produtos da Sonotec, Mateus Manfredini, para nos ajudar nessa missão: apresentar as principais madeiras utilizadas na fabricação de um instrumento de cordas.

Antes de mais nada, é importante dizer que a madeira utilizada na fabricação de um instrumento é responsável por grande parte das suas características sonoras (como o timbre e o sustain) e claro, pelas características estéticas. É interessante notar que a madeira tem funções diferentes, dependendo da área em que será utilizada (tampo, laterais, braço, escala, fundo).

Vale lembrar que as principais madeiras usadas não representam todos os aspectos tonais do instrumento. Design, perícia do fabricante ou do luthier e qualidade de cada peça da madeira utilizada também são fatores importantes. Dito isso, já podemos falar um pouco sobre cada tipo de madeira. Lembre-se: qualquer dúvida, estamos à disposição!




Esta madeira norte-americana, de baixa densidade, é a mais utilizada hoje em dia para a fabricação do tampo, e o Sitka é a espécie mais comum. Sua alta rigidez, combinada com características macias e leves, faz com que soe naturalmente com uma alta velocidade de som.
Mesmo sendo tocado com força, essa madeira consegue soar com clareza, o que faz do Sitka uma excelente escolha para músicos cujo estilo exige uma resposta dinâmica ampla e um tom mais robusto. Por outro lado, a falta de uma tonalidade mais complexa faz com que Sitka soe um pouco fino aos leves toques, mas claro que tudo depende do desenho do instrumento e das demais madeiras envolvidas.




O Ovangkol é uma madeira original da África Ocidental. Normalmente, sua coloração vai do amarelo-marrom a marrom-escuro e possui listras que vão do cinza ao quase preto. A diversidade de Ovangkol e padrão de grão assemelham ao jacarandá da Índia oriental. Ele também compartilha algumas características com tons rosa, mas ostenta o “brilho” vivo encontrada em madeiras de média densidade, tais como o mogno, nogueira e koa.
Apesar de ser largamente utilizado em luthierias, o Ovangkol é uma madeira bastante exótica. Ela concebe timbres mais cheios e envolventes, corrigindo um pouco o déficit dos “médios” de outros violões Folk.




A Koa é uma madeira original do Hawaii, que parece estar em extinção, e por isso é mais cara e difícil de encontrar. Essa madeira, de média densidade, é muito usada em tampos, fundos e laterais de instrumentos acústicos. Tem desenho exótico, mas discreto, com uma coloração variando do rosa alaranjado até o marrom avermelhado.
É uma espécie de prima rica (em todos os sentidos) do mogno. Ela tem sido cada vez mais usada pelo pessoal fingerstile (cordas de aço) por causa da boa definição sem ser seco demais.




A Ash é uma madeira dura, porosa e de densidade média, mas muito bonita e com um som brilhante. Existem o Light Ash ou Swamp Ash, que é mais leve e tem um som menos encorpado, sendo que as fábricas preferem essa madeira ao Ash convencional, para que o instrumento não cause dor de coluna nos músicos.
Um instrumento com corpo feito em Ash é certamente mais pesado do que um em Alder, característica que favorece os médios e agudos. Esta madeira foi usada nas primeiras stratos e nas teles.




A Poplar é uma madeira fibrosa, densa, mas bastante leve e extraordinariamente ressonante. Quando usada em instrumentos de corpos sólidos, como em uma guitarra, possui um som muito nítido. Conhecida como tulipeiro, yellow poplar ou tulip wood, é uma madeira boa para quem gosta de um som mais limpo.






A Alder (ou amieiro, em português) possui um timbre caracteristicamente mais agudo, alta velocidade de propagação do som e bom sustain. Ela é uma madeira de baixa densidade muito utilizada na construção de corpos de guitarras sólidas, e tem como característica sonora um som mais aveludado com grave bastante profundo. Muitos músicos não gostam da sua aparência estética, mas concordam que ela favorece os médios e agudos. Muito versátil, a Alder fica boa com todos tipos de captadores.




O Basswood é uma madeira de baixa densidade, muito leve, estável e de timbre médio, muito utilizado na construção de corpos e braços de guitarras e contrabaixos, principalmente pelas suas excelentes respostas aos tons graves. Ela tem ataque moderado, um sustain incrível e resolução sonora perfeita; ótima para rock em volumes elevadíssimos, ajudando a não perder a resolução mesmo em altos volumes.
É uma madeira de fácil reflorestamento, que resulta em um bom custo-benefício. Não é ruim, como muitos pensam ser: o problema é que existe muito compensado de Basswood confundindo os menos entendidos.




O Cedro é uma madeira de média a baixa densidade, de fácil manuseio e bom sustain. Ela é muito estável, com timbre mais grave e aveludado. Utilizada na construção de corpos e braços de guitarra e baixo, reforço interno de violão, fundo e faixa de violão ou tampo, esta madeira é esteticamente bastante similar ao mogno, porém sua velocidade de propagação sonora é superior.






Madeira de altíssima densidade, muito sustain e alta reflexibilidade. O ébano tem um timbre agudo e muito estável, é a madeira mais cobiçada para escalas de instrumentos devido a sua dureza e alta resistência a empenamentos.
Sempre foi a favorita para a confecção das escalas de instrumentos musicais devido à sua grande dureza e resistência ao desgaste mecânico. Sua coloração negra e exótica cria um contraste muito bonito com o prateado dos trastes. Tem variedades originárias da África Continental, Madagascar e Índia. Atualmente, trata-se de uma madeira muito rara, quase beirando a extinção. Por ser de alta densidade e cara, é utilizada apenas nas escalas de instrumentos “top de linha” ou feitos por luthiers.



O jacarandá (também conhecido como rosewood) é a madeira preferida por luthiers do mundo todo para laterais, escalas e fundo, e em casos raros para o corpo de guitarras e baixos. Madeira de alta densidade, com muito sustain e um timbre grave e estalado, o Jacarandá é sem dúvida a mais cobiçada em instrumentos musicais.
Dentre os jacarandás, o mais apreciado é o baiano (nacional), graças à beleza incomparável e de grande variedade de colorido e figura. Geralmente avermelhada com listras negras, às vezes marrom escura ou quase preta. Suas reservas estão praticamente extintas, mas ele ainda pode ser encontrado nas regiões de Mata Atlântica brasileira. Sua exploração comercial está banida há vários anos.




Esta madeira tem cor clara e muito brilho natural. Sua sonoridade é diferente dos Jacarandás, pois não é tão profunda e não tem tanta sustentação, mas possui grande projeção e muito equilíbrio entre as frequências agudas, médias e graves. Estável e resistente, é originária das florestas de clima temperado da Europa e da América do Norte.
O maple é uma madeira muito utilizada na fabricação de fundos e faixas dos instrumentos da família do violino e das guitarras archtop acústicas, tampos de violão, braços e corpos de guitarra, devido ao desenho dos veios da madeira. Em alguns casos é possível encontrar escalas feitas com essa madeira, embora não seja a melhor escolha, por ser relativamente porosa, macia e clara. Portanto, se não for envernizada, a escala poderá sujar rapidamente.




Encontrado no Paraguai, Uruguai e Argentina, o marfim é uma madeira de grande beleza e relativamente fácil de ser encontrada nas madeireiras do Brasil, devido à sua popularidade como material de acabamento de interiores de residências e móveis. Sua densidade é boa e similar a dos Jacarandás, apresentando diversos tipos de figuras e podendo ser reta ou ondulada como o maple.
Os instrumentos feitos com esta madeira têm um bom som, porém com um pouco menos de sustentação que os de Jacarandá. Com um timbre agudo e grande resistência mecânica, ele é muito utilizado na fabricação de braços de guitarra e baixos e filetes decorativos. Tem boa estabilidade quando bem seca e quarteada, com uma coloração dourada clara e um brilho muito bonito.




Madeira de alta densidade, com muito sustain, média estabilidade, timbre grave e encorpado, além de uma grande resistência mecânica. O mogno, também conhecido como Mahogany, é muito utilizado na fabricação de corpos e braços de guitarras e baixos, fundo e faixa de violões.

Existe uma variedade bem grande de mogno, com texturas e influências diferentes. Mas de forma geral, para o tampo, ele tem um forte punchy produzindo bons sustenidos e uma velocidade de som relativamente lenta. Para o fundo e nas laterais, o mogno tem uma velocidade relativamente alta de som, tendendo a enfatizar os graves e agudos.

O mogno brasileiro é uma madeira de comercialização proibida em face do perigo de extinção, por isso é também uma das madeiras mais nobres e caras para a lutheria.




O marupá é uma madeira de média densidade, com bom sustain e boa estabilidade, além de um timbre agudo e boa resistência mecânica. É muito utilizada na fabricação de tampos, corpos de guitarra e baixos e em reforços internos de violões, o que garante um instrumento leve. Assim como o mogno, o marupá é uma madeira com baixa velocidade de propagação do som.

Encontrada na região norte do Brasil, é vulgarmente conhecida como caixeta, por ser utilizada também na fabricação de caixas de feiras. Esta madeira tem a textura e as características físicas muito parecidas com a do cedro rosa, diferindo apenas no cheiro e na cor. Seu cheiro é bastante neutro e a cor é um branco amarelado que cria um contraste bonito com madeiras mais claras como o mogno e o cedro. Geralmente os instrumentos fabricados com ela são pintados pelo fato de a madeira não ser bonita.




O pau-brasil possui um sustain constante, ataque moderado com uma boa massa sonora final. Também conhecido como pau-pernambuco, palo brasil ou pernambuco wood, é originário da na Mata Atlântica, mais precisamente no litoral da região nordeste e sudeste brasileira. Como é uma madeira rara, virtualmente extinta na natureza, seu preço e uso são proibitivos.

É uma madeira adequada apenas para a confecção de arcos de violino, viola, violoncelo e contrabaixo. Eventualmente pode ser também utilizada para a confecção de escalas, fundo e lateral de violão e para percussão, essa madeira é melhor para palhetadas e não tão boa para o dedilhado.

FONTE:Sonotec



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